nem a previsão mais pessimista diria que duraria menos de dez dias. esse post, assim como esse fim, não tem nada de bonito ou bem construído. é tudo um tropeço, um emaranhado de perguntas, um tanto do que poderia ter sido e não foi, eu aceitei.
te falei no dia um que era uma manic pixie dream girl recheada de traumas numa segunda camada que as minhas pares não têm – e eu devo ter por todas elas. os seus traumas, que você nunca escondeu e pelos quais tanto te admirei porque você nunca se envergonhou, me deram o conforto pra me descuidar e realizar o pesadelo de te perder.
você foi você e eu te quis num segundo. eu fui eu e você foi embora em dez dias.
eu fiquei pensando se escrevia sobre isso, se outras pessoas iam se deliciar num shadenfreude irresistível e, sinceramente, ser falha assim é o melhor que pude fazer. eu já falei outras vezes, eu fiz o melhor que eu pude naquele momento e nunca foi seu papel me fazer melhor do que eu sou – mas até que ajudaria.
eu não preciso de orgulho, eu me arrastaria pelo chão mil vezes para pedir o seu perdão. eu passaria por cima do que me doeu a ponto de me tirar de mim. eu sou dramática, tão dramática que eu senti minha alma fugindo pelo estômago e falando: morre.
sim senhora, eu morro. mas eu sei morrer só um pouquinho pra conseguir sobreviver.
e sobre você não conseguir, não querer, sobre toda a sua decepção, que pena. um amor enorme em dez dias, que pena. eu sinto por nós mas por você eu não consigo, eu sei que metade disso tudo permanece vivo e lindo e sorte do mundo por te ter.
eu ainda me sinto sortuda, sabia?
hoje eu dormiria com você, de pé colado e negando que ia dormir abraçado, mas a gente sabe que eu ia. hoje eu ia respirar sua pele e hoje, pela primeira vez, eu ia olhar nos seus olhos e falar que te amo. eu ainda não aprendi a não achar esse amor a coisa mais linda do mundo, por mais que ele tenha desaguado em produtos tão nocivos.
tenho certeza de que você não duvida que te amo.
talvez por isso mesmo eu tenha uma paz em seguir. em pensar você crescendo. andando pro trabalho, sentado na terapia, vendo seus amigos e fazendo seu skincare. – você está aí toda apaixonada por causa do meu rostinho.
ah, é tão mais que isso.
e eu? eu vou me aproveitar dessa paz. eu não vou me perder na culpa. eu não posso, eu não vou. eu vou seguir em frente, quem sabe eu faça melhor. eu tenho tempo pra trabalhar isso, não tem muitos de você por aí.
e se eu queria tanto que você me desse a mão pra gente se tornar melhor e passar por isso junto, não importa. você não quer, você não pode e você merece o mundo.