há quase duas semanas, levei um clichê da vida moderna na cara: liguei o instagram e lá, na primeira foto, estava o casal sorridente. ela, loira e com cara de criança. ele, segurando a câmera numa selfie da qual eu muito participei.
há 5 anos ele era o amor da minha vida e, até hoje, o objeto da maior parte desses posts do blog. nunca mais arrumou outra namorada, nunca mais posou para aquelas selfies. nunca mais quis ser meu amigo e saiu do brasil.
há alguns meses, numa sessão de análise eu tinha, por um motivo aleatório, que enumerar meus últimos namorados. esse, justamente, foi esquecido da tal lista. por esse, justamente, eu sofri mais de um ano naquele divã (mais que o dobro do que qualquer outro). dei risada quando percebi.
quando houve o incêndio da notre dame, revisitei algumas cenas de ‘antes do por do sol’. numa delas, céline:
I always feel like a freak because I’m never able to move on like (snaps her fingers) this! You know? People just have an affair or even…entire relationships…they break up and they forget! (…) I feel I was never able to forget anyone I’ve been with. Because each person have…their own specific qualities. You can never replace anyone. What is lost is lost.
Each relationship when it ends really damages me; I never fully recover.
esse quote, de um dos grandes filmes da minha vida, ficou gravado. no banho, ao acordar, enquanto tomava um café. ‘i never fully recover’.
e a prova estava ali: semanas depois, eu chorando ao desembarcar do avião. o amor nunca acabou e nunca vai acabar. é a mesma pose, é a mesma selfie, é praticamente a mesma namorada. é o mesmo amor, fora da minha vida. a gente chora, mas tá tudo bem.
..
pouco tenho falado do término que me consome há meses, dos jeitos mais sórdidos e nocivos possíveis. na minha cabeça o mantra, envolto em uma crosta de medo: i never fully recover.
5 anos depois, as coisas são mais complicadas. são mais densas. geograficamente complexas, permeadas de planos de futuro, família, dúvidas e o tempo esvaindo pelos meus dedos. pontos e vírgulas, juntos. a gente nem consegue saber se há um depois.
dúvidas. sempre tive. um ou dois momentos muito fortes de certeza (que valem um post por si só) dentro de um ano de dúvidas.
e nesse período de limbo sem fim, pensei muitas vezes: ninguém vai me amar como o gu. ninguém vai ler minha alma como o galeno. com ninguém eu vou ter uma vida tão gostosa quanto com o joão. e agora, olha só eu aqui criando mais um buraco para carregar pela vida. fiz de tudo, um tudo, porque eu sei:
esses caras todos existem por aí e o luto por eles é um pedaço do que eu virei.
(segura essa pensamento aí que eu já volto com a esperança. maybe, just maybe, there’s a way to recover)