Acredito que sou razoavelmente boa com palavras. Sou especialmente articulada quando brigo, quando discuto e, principalmente, quando acho que tenho razão. Mas também acredito que sei usar as palavras para agradar alguém. Nesse caso, porém, tenho que montar e pensar e analisar o melhor encaixe na minha frase. Sempre consigo.
Mais do que ser boa com palavras, eu gosto delas. Acho essenciais. Tudo bem que afirmei e acredito ainda que tudo acontece no silêncio, mas tem hora pra isso e hora pra aquilo.
Mesmo porque a memória auditiva é muito forte. A gente lembra, pra sempre, das coisas ditas (boas e ruins). A gente repete as boas e sorri, todas as vezes.
Gosto de agradar através das palavras. Gosto de ouvir carinhos também. Mesmo sendo esses agrados completamente desnecessários, se você pensar, são ao mesmo tempo essenciais.
Mesmo porque as coisas boas nunca são as mais urgentes de serem resolvidas. Mas são as mais urgentes de serem vividas.
Quando sinto alguma coisa muito forte dentro de mim, as palavras ficam gigantes, pesadas e me calam. Pairam na minha cabeça, me sufocam, me dominam.
Na tentativa de falar o que estava me sufocando, sem o peso de ouvir qualquer coisa que seja de volta, escrevi. Escrever é uma delícia porque é um exercício solitário. Você vive o texto sozinha e desafoga tudo imediatamente. Na hora que for lido, você ja se livrou daquilo. Não é mais seu, é só de quem está lendo.
Nesse momento o meu texto saiu, fluido, em poucos segundos. Saiu sorrindo, entregando minha felicidade e agradecendo tudo o que eu pude viver nesses dias lindos.
Eu não queria feedback. Eu não queria respostas, ou reações. Eu escrevi para aceitar que aquelas palavras eram somente minhas. Mesmo porque, quando vc diz algo, ao vivo, cria a expectativa da resposta. E eu queria essa expectativa morta.
Mas pra que? O feedback veio. Seco, vazio.
Tirou o brilho das minhas palavras. Que pena.