Passei metade desse ano fechada, sofrendo por amor. Uma paixão platônica ocupou janeiro, outra bem conveniente veio da Nova Zelândia me visitar. Fora os dois gringos, absolutamente nada. Eu dormi a maior parte do tempo, matei minha vida social e me casei com o Netflix.
Foi aí que o moço do escritório me chamou para jantar. É como se fosse ele que me trouxe de volta pro mundo. Eu estava bem escondida de pijama debaixo do edredom.
Foi exatamente a mesma época que me mudei e fui morar com a roomate, que fui pra Paris tirar GG da bucket list. Foi a época que voltei a ter sorrisos (e gargalhadas), a me sentir bonita e a ser notada pelo ˜lá fora˜ do qual fugi por tanto tempo. Justo a época que eu dei pra me envolver.
Mocinho disse, desde o começo, que não era “de namorar”. Calibrou as minhas expectativas com dicas aqui e ali, quase que acidentalmente distribuídas. Era uma coisa bem conveniente até a hora que me apaixonei e virei uma pedra de medo. Fugi. Mentira, continuei com ele. Mas fugi emocionalmente. Questão de sobrevivência.
Isso tudo é bem inédito. O medo todo é bem inédito. A capacidade de me dividir também. Continuei nos meus jantares e no meu encantamento todo, mas soube olhar pros lados.
Eu quero você mas se você quer mais gente eu posso ser bem feliz com isso.
O timing foi especialmente perfeito quando começou a pipocar gente interessante na minha vida. Um moço ali, com uma barba ruiva e um blog (e papo) bacana. Um outro meio louco, com livro publicado e tudo. Um diretor de arte que sempre chamou a atenção querendo combinar de encontrar. Menino – outro – fazendo poesia no facebook às quatro da manhã. Opa, que vida é essa?
Essa, meus amigos, é provavelmente a mesma vida que meu menino tem e não quer perder. Essa é a vida dos meninos. A gente aqui vendo Netflix e eles escolhendo uma pra quinta, outra pra sábado.
A gente já sabia que tinha muito gente interessante no mundo, sim. Mas desse jeito, nunca experimentei.
Nunca experimentei me apaixonar e ter algo a perder. E, apesar de ruim, parece ser bem bom.