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melamania

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a gente só sabe dar o amor que aprendeu recebendo.

essa frase tem permanecido na minha cabeça. foi uma semana bizarra, eu saí de um desespero profundo em um suspiro e tudo que ficou do que veio antes foi um borrão.

até hoje, não consegui chorar. não consigo dormir. fujo da minha cama quase a noite toda e levanto com a eficiência que sempre me faltou. minha cama virou campo minado.

não consigo comer também. imagina, eu, zero autocontrole no apetite, mundialmente reconhecida por achar na comida o afeto e prazer que me faltam, tendo que engolir uma coisa qualquer só porque eu estou fraca e eu preciso. perdi quatro quilos em uma semana – e eu acho até alguma poesia no fato de que cada um deles corresponde a um dia que estivemos juntos.

é estranho. me escondi em um mundo de paetês e fitas e EVA e cola quente, produzi produzi produzi por horas sem parar, todos esses dias, pra uma alegria que eu talvez nem consiga viver. nesse tempo, me senti tão tranquila, tão reconfortada em reconhecer a minha capacidade de criar tanta coisa linda. e tão sozinha também.

o estado é de uma mania melancólica. é assim que eu sei descrever. não como, não durmo e produzo loucamente mas não existe agitação no pensamento, no fluxo de perguntas, em repassar num looping sem fim tudo o que aconteceu. não existe um desespero urgente pelo contato, ou por perceber que não há reparação. eu estou aqui, afogada em glitter e profundamente triste. só triste.

é a sensação de acordar do melhor dos sonhos e me dar conta de que era só isso, um sonho. é passar o dia no vazio de que aquilo não existe e de que a vida segue sendo absolutamente banal. é perceber que ela não me faz viva como eu me senti.

por um segundo eu penso numa realidade onde eu passei essa semana imersa em você. o plano original: mais dias acordando e dormindo sabendo que éramos felizes, profundamente felizes (eu sabia). um mundo alternativo onde eu não carrego um arrependimento de um rompante imprevisível, estúpido e irreversível. o maior erro que eu já cometi numa vida inteira, assim, sem aviso.

a gente só sabe amar do jeito que aprendeu.

eu nunca, nunca, diria que aconteceria. é previsto nos meus transtornos e nos meus traumas? definitivamente. eu me sentia no momento mais equilibrado e saudável e com pleno controle da minha vida? ironicamente, sim.

e quando no sétimo dia sem você eu vivo o mesmo desastre, agora no seu papel – um lugar onde aprendi a morar desde que eu nasci – talvez algo passe a fazer sentido.

a única coisa que eu sei da minha vida hoje é que eu quero saber amar direito.

e vou.

About the author

desfilles

I got fire in my brain. In my heart and veins. In between my legs.
(And now I'm back to writing.)

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By desfilles

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