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até aqui.

a

você entrou na minha vida derramado. pá.

muito, muito antes.

antes do look vermelho, eu botei um vestido verde. antes do topo do mundo, eu baixei num subsolo em são paulo. em nenhuma das vezes eu escolhi ou vi você chegar. e quem te trouxe foi ela.

a marina sempre me foi vendida como uma vilã. a menina que derrubou um drink no meu date, no nosso segundo date. que me deixou assustada, enquanto achava graça.

a moça que, daí por diante, levava todas as minhas informações para a ex. que nos rondava. causava intriga, que destilava ódio. que fazia chorar.

comprar essa ideia, bem, eu nunca de fato comprei. eu tinha muitas perguntas sem respostas, eu tinha um tanto de empatia. mas eu só queria viver minha vida, mesmo no dia que insisti em a defender – uma mulher que eu nem conhecia – e acabei abandonada chorando no centro de uma madri lotada em vésperas de natal.

sempre me pareceu certo.

mas, de fato, eu não sabia. nesse ponto, na verdade, eu já desconfiava de todos os meus instintos. eu não acreditava em intuição. eu achava que era burrice e ingenuidade, até que ela foi lá – a moça que nem me conhecia – me estendeu a mão e foi a única capaz de me tirar do que me consumia.

se ela era legal, quais eram seus motivos, não me interessava tanto. a verdade é que ela me salvou.

não foi só por gratidão que eu a convidei para vir ficar na minha casa e passar o ano novo. desde a tal conversa, apesar de nunca termos nos visto, a gente vez ou outra se falava. tinha identificação e tinha simpatia, sim, mas não passou nem um minuto do momento que ela confirmou que vinha e eu senti medo.

medo. já fazia tantos meses que eu estava livre dessa história – uma história que, queira ou não, eu vou sempre associar a ela – desses links, dessa energia toda, e agora ia passar o ano novo justo com ela e o namorado amigo do ex? pra que? eu nem conheço esse povo.

mas tava feito. era aproveitar, manter a vibe boa, manter meus amigos perto. e eu o fiz com louvor, muito obrigada.

tudo isso pra dizer que ela me trouxe você.

você.

você chegou de sorriso aberto e olhando no olho. é isso, que eu lembro, sabe? eu nunca quero esquecer. eu tinha medo de que a gente se encontrasse depois e essas memórias fossem diluídas, ficassem perdidas no tempo, trancadas no dia que eu te conheci. porque eu gostei de você em um segundo.

tenho flashes do sorriso, da camisa de botão, do look *de jovem*. de você entrando pelo portão da minha casa. tenho flashes da gente rindo junto e se abraçando. de alguma forma eu sabia que tinha seus olhares mas eu não queria notar, não queria ser a menina que você pegou em bh. eu queria ser eu, faz sentido? eu queria ser a moça legal que recebeu todos vocês porque sim.

mas você já era você. não tinha jeito. eu evitei perceber, mas eu te procurei a noite toda, por todos os lados. eu estava feliz, tão feliz – você não imagina como aquela noite toda foi especial pra mim – e quando você aparecia com esse sorriso tudo brilhava. e eu ainda não tinha percebido. olha que boba, eu.

levemente decepcionada ao saber que você estava beijando alguém. desnorteada ao te ver sumir pela multidão. mais uma vez te procurando na pista.

eu falava pra todo mundo: – ele é tão legal, né? ele é tão querido. olha só ele, que graça. cade ele?

um sorriso enorme (quantas vezes eu já falei desse sorriso?) quando você chegou todo animado: – você viu aquele menino turco que tava com a gente? tocou com um colete cheio de estrelas, ele arrasou! você viu? onde vc tava? eu te procurei pra gente ver.

e, mesmo assim, você foi embora se que eu admitisse que te queria.

passei semanas me remoendo na dúvida se eu fiz errado, se eu perdi uma chance, se eu devia ter dado mole e me empenhado em ficar com você. me perguntei se aquele ano novo teria sido ainda mais especial e se seria o nosso momento.

você diz que não. que teria sido maravilhoso, mas nada nem perto do que se tornou. em seguida, se pergunta se não faria diferença nenhuma, que qualquer coisa que acontecesse nos traria pra onde estamos.

afinal, você é você e eu sou eu. e a gente é a gente.

eu já te amo e acredito que em qualquer circunstância em que eu te encontrasse eu acabaria te amando. como não amar você?

mas e depois daquela festa, depois que você foi embora e eu nem entendi que te queria, o que aconteceu?

(a gente, sabe, mas eu quero registrar pra sempre lembrar.)

eu não parei de falar de você. e pensar em você. e sonhar com você. procurar seus posts, seus stories. ter você na cabeça em vários *momentos*.

assim que percebi, te comunicar sem o menor constrangimento que sim, eu te queria. (porque, isso eu não falei, eu apostava que você também)

e a partir daí, você sabe, ja era a gente. eu não precisei te beijar, sentir seu cheiro, brincar com o seu cabelo – apesar de toda a ansiedade para confirmar que era bom – para saber que era a gente. eu podia apostar. eu estava TÃO certa.

não estava?

eu não sei como terminar esse texto – essa ~documentação~ de quando você entrou na minha vida porque eu não quero que ele acabe – e não quero que você saia, nunca mais. eu tenho tanto pra falar – e me prometi que iria, mesmo que não fosse bonito ou bem escrito o suficiente – e espero ainda falar muito. você merece todas as palavras. você mudou tudo.

afinal, você é você. como seria diferente?

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desfilles

I got fire in my brain. In my heart and veins. In between my legs.
(And now I'm back to writing.)

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By desfilles

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