Há exatos seis anos eu estava muito feliz.
Dançava, ria alto, fazia planos. Muitos planos. Ignorava, com prazer, a sensação inexplicável de que algo não parecia bem. Me repetia: olhe direito, está tudo tão certo. Não sabote, não invente problemas.
Os problemas apareceram ao amanhecer do dia 6. De repente, não havia como ignorar.
Eu sinto que eu vivo uma maldição.
6 meses. 6 anos. Mais um 6 de setembro.
Mais uma intuição engolida.
Mais uma felicidade inventada.
Mais uma realidade que escolheu me atropelar.
Irreversivelmente.
Não sobram nem as memórias. O registro da alegria, agora, carrega um disclaimer: era falso.
A moça sorridente andando pelo museu: não tinha ideia.
Escrevendo cartas de amor: mal sabia.
Entregue, diligente, resolvendo problemas, buscando ajudar: quem sabe, talvez, dessa vez aprenda.
Uma lição que já leva seis anos para que eu absorva: espero que, dessa vez, eu consiga.