Não é a primeira vez que venho falar disso. A outra, há coisa de dois anos, está bem documentada aqui.
Mais cedo do que pensei, muito cedo até, ele entrou na minha rotina. Tem toalha perdurada no banheiro. A mochila já fica num canto específico do sofá. Às vezes ele aparece em casa, cansado, só pra dormir. A gente já divide canais do youtube e, quando dá fome, até rola um delivery sentados no chão.
Foi muito rápido, foi muito fácil, foi muito certo. O clichê aconteceu. Eu estou – que medo – feliz.
Foi quando deu quinta-feira que eu percebi a situação, na hora que um moço apareceu no whatsapp chamando pra sair. Outro, por inbox, já queria marcar horário. Eu não sabia muito bem o que fazer.
Estou namorando? Não. É cedo, demais. Até outro dia, outro dia mesmo, lá tava eu chorando debaixo do cobertor. Existe uma adaptação, uma área cinzenta a percorrer. Não é que a janela já tenha fechado.
Mas eu não quero sair. Não quero ter que carregar outros papos, jogar o cabelo, fazer de interessante. Não quero mais um primeiro date.
Só não sei, ainda, o que falar. “Não tô mais pra jogo” não é exatamente uma descrição fiel da história.
A janela não fechou, é verdade. Mas eu abaixei um blackout para barrar o que vem lá de fora. Se isso vai atrapalhar as coisas, a gente vê no caminho. Não tô com muito medo. Aqui dentro tudo parece seguro. A tempestade calou. Tá tudo bem.