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Previsão

P

20 de Julho de 2014

(…)

de lá pra cá a vida tomou prumo, um prumo que eu nunca tive em são paulo. um prumo que traz felicidade e traz um medo que me pesa e bate ponto denoitamente nos meus sonhos.

uma das amigas queridas da multinacional – daquelas que vestiu o papel de irmã mais velha – mantém com muito mais disciplina o seu próprio endereço sem nome e sobrenome. num dia meio calado e meio estranho – hoje – depois de um jornal, uma revista semanal e um livro inteirinho, fiz a minha visita mensal e até chorei com uma palavra delicada aqui e ali.

funcionou para parar de adiar a vontade de organizar letrinhas.

eu não tenho muitos problemas hoje. li ou no jornal ou na revista ou no livro que a felicidade é a ausência de tristezas. sou feliz. meus dramas consistem no conserto do carro batido, o preço do almoço perto do escritório e a louça suja da roomate na pia no domingo a noite. e no medo. claro.

mas prefiro viver com o medo de deixar de ser feliz do que deixar de ser feliz.

discuti muito na terapia e tomei como lema que a gente tem que ser feliz independente de um par. foi uma batalha, aliás, que nunca consegui vencer, mas um objetivo em que eu acreditava. acho que nesse tempo esqueci da frase do tom – ou do chico, já que é uma obra conjunta – que diz: é impossível ser feliz sozinho. mas eu tentei.

só consegui a felicidade quando o namorado – o, não um – entrou na história. não assim que entrou, mas quando se fixou, sei lá. ele me ajudou a arrumar a casa e a vida e quando vi tava eu lá, bem feliz.

hoje mesmo ele foi passar o dia interinho fora, com os amigos. ia dormir fora também. eu, que já tenho na casa dele o maior sentimento de casa que tenho em são paulo, lá fiquei. fiquei debaixo do cobertor, no sofá, quentinha, em casa.

a minha casa nunca foi tão casa assim.

eu devia ficar feliz em estar só. passo meus fins de semana fazendo papel de primeira dama, sem a menor autonomia da minha agenda, seguindo pra lá e pra cá. hoje o dia era só meu.

cá estou, melancólica.

o medo, hoje, ultrapassou o meu sono. tenho medo de voltar a passar sábados encarando paredes. tenho medo de um debaixo do cobertor que não esquenta nunca. morro. de. medo.

do meu amor não tenho nada e ao mesmo tempo tenho tudo a dizer. me mantenho calada para não fazê-lo maior ainda e, na verdade, não tenho conseguido nem uma coisa nem outra ultimamente.

por isso mesmo, cá estou.

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desfilles

I got fire in my brain. In my heart and veins. In between my legs.
(And now I'm back to writing.)

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By desfilles

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