Esse não é um texto bonito. Essa sou eu querendo explicar agora o que aconteceu. explicar algo que para mim parece inacreditável se eu não tivesse visto. Eu passei a vida te procurando, passei o dia andando a pé, atravessando a sua rua, buscando o seu carro – aquele em que eu nunca andei. Você nunca me apareceu. Você não é mais a minha pessoa, não é mais da minha vida.
Mas eu vi. Era noite e eu vi seu carro. Não acreditei. Nunca andei nele, como vou saber? Devia estar imaginando. Pela fresta do bar o suéter que eu abracei tantas vezes, a cena que eu assisti como se não fosse nada, você comendo no bar.
Era real. Era a porta se abrindo e você e seu hashi e eu me perguntando se estava inventando. Era real. Não consigo imaginar aqui uma justificativa, uma moral dessa história que não você sentado no bar e eu e meu date aleatório na calçada, esperando para entrar.
Tudo está errado. Eu não pertenço à calçada. Eu pertenço ao seu lado, dividindo o prato, te assistindo comer como se fosse a coisa mais cotidiana do mundo, porque era. A gente não merece essa porta no meio, esse desconforto no meio, esse sujeito que não lê bem o que está acontecendo assim como a mocinha do bar.
Nos olhamos. Ninguém disse nada. Pela primeira vez te deixei em paz com seu prato e seu hashi e meu olhar de incredulidade escorreu pela rua.
Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she walks into mine.