Eu dedico poemas. Letras. Palavras bonitas, sem motivos maiores.
Gosto de florear.
Me disseram, baixinho, no ouvido: eu nunca te vi assim. Sorri envergonhada.
Prefiro não pensar dessa forma. A memória é míope, às vezes. Não aceito desmerecer meu passado. Eu não quero admitir que nunca me vi assim.
Não que eu me lembre de nada parecido.
Reconheço que minha vida é recheada de grandes amores. As vezes me pergunto, como posso ter vivido tanto. Mesmo assim, pedi avidamente para viver mais. Me foi consentido.
Acho que tenho sorte.
Não sei se é diferente, mais do que cada história deve ser da outra. Não sei se é passageiro, se é um sopro de entusiasmo, se é finalmente, the real thing. Não arrisco palpites, não.
Me contento em trombar com versos que definam meu momento. Me contento com longos silêncios, olhos nos olhos, a qualquer hora. Me contento em saber que é maior do que qualquer coisa que imaginei surgir do nada pra mim, agora.
Me preencho ao acordar cedinho e olhar pro lado. Sensação inexplicável.
A minha vida tem sido maravilhosa.